Em nova fase de investigações contra crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, a Justiça acatou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) e tornou o vereador afastado Paulo Henrique de Figueiredo (MDB), de Cuiabá, réu sob suspeita de ligação com a principal facção criminosa do Estado.
A decisão foi expedida pelo juiz Jean Garcia de Freitas, da 7ª Vara Criminal da Capital.
Figueiredo, que chegou a ser preso em setembro durante a Operação Pubblicare, está afastado da Câmara Municipal e enfrenta acusações de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
O inquérito conduzido pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) levantou indícios financeiros e movimentações suspeitas que conectariam o vereador à facção, incluindo transferências que somam R$ 1,2 milhão em apenas um ano — valor considerado incompatível com sua renda.
A denúncia também inclui outras quatro pessoas que ocupavam cargos na Prefeitura de Cuiabá e estariam envolvidos no esquema.
São réus, além de Figueiredo, José Márcio Ambrosio Vieira, ex-motorista do vereador; José Maria de Assunção, ex-fiscal da Secretaria de Ordens Públicas; Rodrigo Anderson de Arruda Rosa, ex-diretor de Regulação e Fiscalização; e Ronnei Antonio Souza da Silva.
Segundo o MPE, o grupo teria facilitado operações de lavagem de dinheiro por meio de eventos e shows realizados em casas noturnas de Cuiabá.
Conforme os detalhes da investigação, uma conexão foi traçada entre Figueiredo e o empresário Willian Gordão, proprietário do Dallas Bar, estabelecimento apontado pela polícia como um dos canais para o fluxo ilícito de capital da facção criminosa.
A Operação Pubblicare, que expôs essas ligações, é um desdobramento da Operação Ragnatela, deflagrada em junho, que já havia denunciado 14 pessoas envolvidas em atividades criminosas semelhantes.
O juiz Jean Garcia afirmou, na decisão, que as provas coletadas até o momento justificam o início do processo, ressaltando que a ação penal segue o princípio de “in dubio pro societate” — ou seja, em caso de dúvida nesta fase preliminar, decide-se em favor da sociedade.
As próximas etapas do processo devem incluir a análise aprofundada das movimentações financeiras e dos depoimentos dos envolvidos, que poderão reforçar ou refutar as acusações de envolvimento com a facção.