Assembleia vira palco de "guerra ideológica" sobre falas misóginas de Cattani

 

A  Assembleia Legislativa se tornou palco de um embate acalorado entre mulheres na manhã desta quarta-feira, 7 de junho. De um lado, mulheres e homens do movimento pró-vida se manifestavam em favor do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), cantando o Hino do Brasil, com bandeiras, cartazes e vestidos com roupas verde e amarelo. Do outro, membros de movimentos sociais, também portando bandeiras e entoando cantos em defesa da mulher, encheram o plenário.

Os dois grupos foram à Assembleia para expressar suas opiniões, favoráveis ou contrárias, sobre o deputado que comparou mulheres com vacas, proferindo comentários considerados de cunho misógino e ofensivos, para criticar o aborto.

A comparação, feita no mês de maio em entrevista ao Estadão Mato Grosso, continuou sendo endossada pelo deputado, tornando-se assunto nacional. Ele chegou a pedir desculpas às vacas que cria em sua propriedade, o que levou a OAB-MT e a Defensoria Pública a pedirem a abertura de um procedimento no Ministério Público, bem como um pedido de afastamento na Casa de Leis.

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Durante a manifestação, o grupo de mulheres a favor de Cattani portava cartazes com frases como "Todo ser humano já morou em um útero, diga sim à vida" e "Mulheres com Cattani". Os participantes cantaram o hino nacional e fizeram provocações ao outro grupo, gritando “A nossa bandeira jamais será vermelha”.

Já o grupo contrário a Cattani levou cartazes que mostravam o número de mulheres vítimas de estupro em Mato Grosso e entrou no plenário cantando “Abram alas que as mulheres vão passar. Nosso lugar não é no forno e no fogão, mas sim fazendo revolução”.

Do lado de fora, uma das responsáveis pelo movimento afirmou que a manifestação defende o direito das mulheres. “Não vamos aceitar nenhuma palavra de violência contra as mulheres”, disse, ao som de aplausos.

Única deputada da ALMT, Janaina Riva (MDB), que está interinamente na presidência, defendeu a instalação de uma Comissão de Ética para investigar Cattani e cobrou que haja uma punição exemplar, para ensinar que um deputado não pode ofender as pessoas, independente de ideologia.

“Eu acredito que precisa ter alguma punição, sim. Então isso não vai passar em branco. Até porque, o que nós queremos fazer é demonstrar que a Assembleia Legislativa já virou essa página, que não cabe mais preconceito com relação à mulher, discriminação, misoginia”.

Sobre a manifestação desta quarta, Janaína apontou que há uma tentativa de mudar o assunto ao se fazer uma manifestação contra o aborto. Ela enfatizou que todos os deputados estaduais são contrários ao aborto, mas o que está em debate é a ofensa de Cattani contra as mulheres.

"Tem também aqui uma manifestação contra o aborto. Aqui na Assembleia, os 24 deputados são contra o aborto. Então, assim, estão querendo misturar os assuntos. A gente tem que separar.  Uma coisa é a pauta do aborto. Outra coisa é xingar a mulher de vaca. Aí é outra coisa, que isso não é legítimo", concluiu.