03 de Outubro de 2024

CULTURA Domingo, 22 de Setembro de 2024, 09:10 - A | A

‘Além Tordesilhas"

Uma monção de Ivens Cuiabano Scaff

Com Assessoria

capa livro ivens

 

O escritor e médico Ivens Cuiabano Scaff se foi em fevereiro deste ano, mas não sem deixar muitos tesouros de sua rica literatura. Alguns deles chegam ao público na próxima sexta feira (27), às19h, em lançamento especial na Biblioteca do Sesc Arsenal.

É um belo box com três livros intitulado “Além Tordesilhas” (Entrelinhas Editora), um romance histórico em forma de trilogia cujas ilustrações das capas foram criadas pelo publicitário e ilustrador Léo Davi, hoje vivendo em Dublin, na Irlanda.

A editora da Entrelinhas, Maria Teresa Carrión Carracedo, conta que esta foi a última obra em que o autor e ela trabalharam intensamente, embora muitas outras sigam inéditas.

“Quando Ivens partiu para outras dimensões, no dia 21 de fevereiro deste ano, estávamos trabalhando em 7 livros simultaneamente. Nesta trilogia ‘Além Tordesilhas’ e em quatro livros infantis, interagindo com os artistas Gervane de Paula, Marcelo Velasco, Zeilton Mattos, Léo Davi e Wender Carlos, ilustradores das obras”, lembra.

Lamentando profundamente a perda do amigo, Maria Teresa demonstra grande satisfação com o lançamento da trilogia, um sonho de Ivens, e a previsão de mais quatro livros infantis para o ano que vem. “Além destes livros que estamos publicando e dos publicados, Ivens ainda deixou muitos textos infantis, contos e poesias. Talvez mais de duas dezenas de livros ainda podem ser publicados. É um legado de valor inestimável”, avaliza a editora.

OS LIVROS

Em “Além Tordesilhas” Ivens emociona de saída, dedicando o livro 1, “Tietê” “À minha trisavó Guaná, que plantou, colheu, fiou e teceu redes de afetos... Aos meus pais Hid e Lucina, que me ensinaram a amar as pessoas”, revelando, assim, sua ancestral indígena, que casou-se com um português e morava em uma aldeia, no Pantanal.
A cada nascimento de um neto, contam, ela plantava o algodão, colhia, fiava e tecia uma rede que embalaria a criança que vivia na cidade, logo nos seus primeiros anos. O livro 2, “Xarayes”, Ivens dedicou ao seu irmão Ivo; e o livro 3, “Ouro e Mel”, dedicou ao seu sobrinho Victor, “coração de ouro e mel”, que também partiram prematuramente.

“Tietê” narra o início de uma epopeia rumo ao centro da América do Sul, muito além da linha que separa as terras das coroas de Portugal e Espanha, segundo o Tratado de Tordesilhas. A saga começa no Povoado e em Araritaguaba, até chegar ao rio Paraná. Corredeiras e cachoeiras sem fim são o caminho das gentes daquele tempo em busca do El Dorado. No Brasil do século 17, uma monção com centenas de pessoas desce o rio Tietê, um rio que não corre para o mar, mas para o interior do Brasil, levando bandeirantes, e entre eles, três meninos adolescentes. Tote, Batico e Bento enfrentam naufrágios e muitas aventuras. “Tote olhou o rio calmo que seguia num estirão comprido até se esconder numa curva lá longe. Bem longe. Tão longe que os batelões que seguiam rio abaixo já estavam muito pequeninos quando sumiram na curva”, escreve Ivens no primeiro parágrafo do primeiro capítulo da trilogia. “Xarayes” parte de Puerto de los Reyes, antiga cidade fundada pelos espanhóis em um lugar de “grandes águas entrecortadas, de comida farta, habitado por milhares de indígenas possuidores de prata e ouro”. Seriam essas planícies alagadas a Laguna de los Xarayes, tão procurada? A bandeira enfrenta uma batalha fluvial contra os Paiaguá, exímios canoeiros. No meio da luta, Batico cai da canoa e desaparece nas águas do rio Paraguai. Por fim chegam a uma aldeia onde o rio Kujibu deságua no Kyvaverá, o rio das lontras brilhantes. Tote, mais tarde chamado de Paypirá, convive com o povo Bóe (Bororo). Os bandeirantes sobem o rio Kujibo e encontram uma serra. Seria a Serra dos Martírios? “Ouro e Mel” parte do Kujiboparu. Depois da grande aventura, Tote retorna a Araritaguaba, onde se casa e tem filhos. Mas o sertão não sai da sua cabeça! Após a morte de sua esposa, ele decide refazer a viagem de tantos anos atrás. No seu retorno à aldeia ocorre uma batalha sangrenta com os Bóe (Bororo), . Pegando o caminho de volta, encontra se com a bandeira de Pascoal e o incentiva a continuar a subir o rio, garantindo que nessa direção ele encontrará nativos fáceis de prear. Pascoal arrancha na antiga aldeia e, ao lavarem pratos na beira do rio Kujibu, encontram ouro! Um certo tempo depois, Sutil, melhor amigo de Pascoal, envia dois indígenas à procura de mel. Mas eles encontram o que mudaria os rumos da ocupação das terras “Além Tordesilhas”.

SERVIÇO

O lançamento da trilogia “Além Tordesilhas”, de Ivens Cuiabano Scaff, primeira edição especial e limitada de 300 boxes, será dia 27 de setembro, às 19h, na Biblioteca do Sesc Arsenal

(Com informações da assessoria)



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