Um novo nome está surgindo no cenário artístico mato-grossense. É Marli Rosa. E seu trabalho une conceitos importantes, como sustentabilidade ambiental, solidariedade e engajamento social.
Marli Rosa trabalha com tecidos, de todos os tipos, há mais de 35 anos. Dona de um ateliê de costura, que confecciona peças decorativas, como cortinas, almofadas, colchas e uma variedade de outros objetos, ela guarda as sobras e aparas de todos os tecidos que já passaram por suas mãos.
Agora, ela resolveu por em prática um sonho antigo, acalentado desde o início da sua jornada profissional, que é transformar essas sobras de tecido em arte.
Eu nasci no meio de tecido. Minha mãe sempre foi costureira, a família da minha mãe sempre trabalhou com tecido, com fiação de lã, criação de ovelha, fiava, cardava e tanto tecia, no tear, quanto fazia tricô”, relembra.
“E eu sempre gostei muito de arte e, observando os retalhos que sobram no ateliê, eu me preocupei. Porque, além de gostar muito de arte, eu penso muito na preservação do meio ambiente. E a indústria têxtil é a maior poluidora do Planeta. E eu sempre me preocupei em dar um destino, uma vida mais longa para aqueles tecidos que sobravam. Não simplesmente jogar no lixo. Até porque, pra mim, aquilo não é lixo, é luxo. É uma matéria-prima fantástica, pra fazer coisas incríveis”, explica a artista.
A peça "Algodão", por exemplo, é uma obra executada em Tear de Pregos. Essa obra foi tecida com algodão em variadas formas: in natura (apenas limpo), fios muito finos (antes de serem torcidos), barbantes, cordões, soutaches, alças de bolsa e tecidos reaproveitados, usados, aqui, como expressão artística e também prática, demonstrando a versatilidade do algodão, que é a fibra mais utilizada, mundialmente, servindo para os mais diversos fins.
“Eu costumo dizer que com o algodão se faz desde a camisetinha pagã, que veste o recém-nascido, até lona de caminhão, que protege as cargas, durante o transporte”, enfatiza.
Reciclando as formas, ela dá, assim, nova vida e significado ao que, de outra maneira, poderia ser somente mais um monte de lixo, jogado fora.
Apaixonada por tear, Marli usa técnicas antigas, mescladas, às vezes, com elementos mais tecnológicos, como no caso da obra "O Jovem Rico", selecionada para compor a exposição de mesmo nome, aberta à visitação, até agosto, no Museu Sic Bartão, em Cuiabá. Neste caso, além dos tecidos reaproveitados, cuidadosamente tramados em tear, a obra também incorpora efeitos como detalhes de iluminação por LED, dando ainda mais realismo à peça.
Outro desejo antigo da artista, agora também começa a se concretizar, que é contribuir, com o seu trabalho, para ajudar mulheres vítimas de violência doméstica.
Inicialmente concebida para um dia de campo, em uma fazenda de algodão, em Campo Verde, a peça, "Algodão", está sendo doada para um leilão beneficente, cuja renda será revertida para trabalhos de assistência a mulheres vítimas de violência doméstica. O leilão é uma parceria entre a artista, o Museu Sic Bartão, a Delegacia da Mulher e o Grupo Mulheres do Brasil, e marca o fim do mês da mulher.
“Esse leilão veio a calhar, porque eu sempre tive vontade ajudar essas mulheres que são vítimas de violência doméstica. E essa parceria de agora abre espaço para projetos mais consistentes, que pretendemos por em prática, em breve, para ajudar a essas mulheres”, conclui Marli Rosa.
Para saber mais ou participar do leilão, acesse AQUI.