Pré-candidato a deputado estadual, o vereador por Cuiabá Diego Guimarães (Cidadania) avaliou o cenário estadual das eleições deste ano como um campo, até o momento, pavimentado para a reeleição do governador Mauro Mendes (DEM).
O único que tem se apresentado como possível adversário de Mendes é o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB), a quem Diego faz oposição no Município e cuja possível candidatura é apontada como "piada".
"Essa fala do Emanuel Pinheiro de que vai sair candidato ao Governo do Estado já se tornou motivo de piada no meio político. Ele não tem coragem, porque se perder o mandato, a chance de ele ser preso em um curto espaço de tempo é gigante. [...] Ele não tem grupo político, está abandonado", afirmou o parlamentar.
Diego construiu sua imagem, nos últimos anos, como oposição à gestão do emedebista. Em entrevista ao MidiaNews, ele criticou o que chama de "gestão desumanizada" feita pelo atual prefeito e analisou que Emanuel pode nem mesmo concluir seu mandato em razão das operações e escândalos no Palácio Alencastro.
O parlamentar ainda avaliou o cenário estadual e nacional nas eleições, falou sobre projetos e polêmicas na Câmara de Cuiabá e as movimentações que tem feito para deixar o Cidadania após a aprovação da federação da sigla com o PSDB.
Confira abaixo a entrevista:
MidiaNews – Em dezembro, mais uma vez a Câmara se viu envolvida em uma polêmica após a aprovação de benesses para os vereadores – auxílios saúde, transporte e alimentação - que somam R$ 8 mil. A oposição foi acusada de não protestar contra esses “penduricalhos”. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Diego Guimarães – Essa votação ocorreu em uma das últimas sessões que teve na Câmara. Inclusive houve uma conversa de que haveria um acordo entre vereadores da base e da oposição, o que eu deixo claro que não é verdade. Eu tive conhecimento desse projeto quando ele entrou na pauta, às 21h, depois de um dia inteiro de sessão, e percebi que era concernente a auxílios para vereadores e servidores da Câmara. Votei contra todos esses projetos.
Não participei de nenhum acordão, não participei de nenhuma reunião, não tinha conhecimento e até por esse motivo eu votei contra. Talvez se eu tivesse analisado os projetos, visse que havia viabilidade jurídica, política para eles, poderia ter votado favorável a um ou outro, especialmente dos servidores da casa, porque muitos deles estão com o salário defasado há alguns anos.
Mas por entender que estava sendo colocado na calada da noite, e eu conheço um pouco já a Câmara e a cabeça daqueles que conduzem ali, votei contra todos.
Depois me disseram que houve um acordo com o Ministério Público, com relação à verba indenizatória, e realmente houve redução da nossa VI a partir de janeiro e criaram esses auxílios como uma forma de recompor a perda. Mas eu não tinha conhecimento disso, não sabia o que estava acontecendo, não sabia também da existência desses projetos naquele momento.
MidiaNews – Recentemente veio à tona a situação do não envio do relatório da CPI dos Medicamentos que pedia o indiciamento do prefeito Emanuel Pinheiro, da primeira-dama Márcia Pinheiro e de mais de três dezenas de pessoas. Como o senhor viu essa situação? O presidente da Câmara, Juca do Guaraná, prevaricou?
Diego Guimarães – No mínimo, ele foi imprudente. A atitude do Juca beneficiou as mais de 30 pessoas que foram indiciadas. O atraso no envio do relatório beneficiou apenas os investigados. Então, isso nos leva a crer que o presidente da Câmara quis isso, até porque essas pessoas, em sua maioria, são aliados políticos dele. Eu falo isso porque o presidente da Câmara se apegou a uma suposta necessidade de que o relatório, para ser encaminhado às autoridades competentes, no caso do Ministério Público, dependeria dos documentos que estavam nos anexos da CPI. Mas o Regimento Interno não fala de encaminhar os documentos que instruíram a CPI, mas o relatório.
Por que eu digo isso? Porque o Ministério Público tem instrumentos para coletar provas, ouvir testemunhas, tem competência para fazer o seu arcabouço processual e probatório suficiente para formar o seu convencimento. E até melhor do que a Câmara.
Então, isso é conversinha do para boi dormir do presidente da Câmara para tentar ganhar tempo, até porque o mandato vai andando, daqui uns dias termina o mandato, a coisa esfria, e a pessoa talvez só vai responder depois do mandato encerrado.
E lembrando que um dos beneficiados disso daí é o prefeito, aliado político do Juca, são do mesmo partido e inclusive parece que prometeu que nos próximos dias vai abrir espaço para ele poder ser prefeito de Cuiabá por alguns dias.
MidiaNews – Apesar disso, o relator da CPI, vereador Marcus Brito, que é da base do prefeito, chegou a dizer que o não envio foi resultado de uma aparente “falha de comunicação”.
Diego Guimarães – Eu não vejo isso de forma alguma, até porque o presidente também alegou que a Câmara entrou de recesso, mas o que houve foi o recesso parlamentar. O que é o recesso parlamentar? É não ter sessões. Mas as assessorias estavam trabalhando. Meu gabinete produziu mais de duzentas indicações só em janeiro. E eu tenho certeza que a assessoria do Juca do Guaraná também estava trabalhando.
E outra: o envio de um relatório é um ofício que em 15 minutos você faz. Pega o e-mail e envia para o Ministério Público. Ele justificou que a Câmara ficou 20 dias parada, isso é conversa com a boi dormir. Acredita quem quer e eu não sou bobo. O que houve foi, na verdade, foi o desejo de enrolar, de protelar e ganhar tempo.
MidiaNews – Ainda sobre projetos polêmicos, a Câmara aprovou em primeira votação a criação do Dia do Orgulho Hétero e houve muita crítica – inclusive em nível nacional – em razão disso. O senhor votou a favor na ocasião e depois disse que avaliava mudar sua posição. O que o levou a votar a favor, inicialmente?
Diego Guimarães – Primeiro, é bom explicar que o processo legislativo tem as suas fases e que permite realmente a reflexão de um parlamentar e o amadurecimento do seu convencimento. E por isso que é importante ter duas votações, se não votaria apenas em uma e já seria encaminhada para sanção a lei.
Eu votei favorável, a princípio, porque confesso que eu não vi maldade no projeto apresentado pelo Marcos Paccola. O que ele quis foi chamar atenção para uma bandeira que levanta, talvez fazer um contraponto ao Dia do Orgulho LGBT, e foi a forma que ele utilizou para poder chamar a atenção para isso. Mas depois, analisando e conversando com muitas pessoas, inclusive estudiosos do assunto, entendendo a necessidade de abrir espaço para que as minorias possam gritar e também fazer a reivindicação do seu direito - que muitas vezes são cerceados porque a sociedade coloca as minorias de uma maneira quase automática em uma situação de exclusão -, eu comecei a compreender que realmente esse projeto do Orgulho Hétero seria na verdade uma forma até de afrontar essa minoria que vê no dia do Orgulho LGBTQIA+ uma forma de poder gritar pelos seus direitos.
MidiaNews – Em um estado que mais mata LGBTs, esse projeto foi visto como ofensivo à comunidade LGBT. Após mudar seu posicionamento, o senhor chegou a conversar com o seu colega de bancada e autor do projeto, o vereador Marcos Paccola?
Diego Guimarães – Sim. Eu falei para o Paccola que conversei com lideranças, com amigos próximos que estudam mais o assunto, inclusive com a Comissão dos Direitos das Pessoas LGBTs na OAB, que trouxeram pareceres e disseram: 'Diego, há uma necessidade de recuo'. E eu aceitei de uma maneira muito tranquila.
Mudei meu posicionamento, e se o projeto voltar para o plenário para uma segunda votação eu votarei contrário sem nenhum peso na consciência, sabendo que agora estou ainda mais convicto do meu voto.
MidiaNews – Em Cuiabá, a fusão do Cidadania com o PSDB deixou a situação no mínimo curiosa no Parlamento, uma vez que estão em campos opostos quando o assunto é a gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). E essa situação se repete em outros municípios do país. De uma forma geral, vê como uma escolha inteligente do partido?
Diego Guimarães – As decisões tomadas em Brasília, muitas vezes, atendem apenas demandas e interesses de determinadas regiões ou de determinados envolvidos. O partido tomou uma decisão que era a melhor para a legenda nacionalmente, pensando na sobrevivência do Cidadania. E é uma decisão que tem que ser respeitada. Todavia, essa decisão coloca, tenho certeza que não apenas em Cuiabá, mas por todo o Brasil, vários filiados em uma situação até de constrangimento.
Porque aqui em Cuiabá, por exemplo, nós somos adversários políticos daqueles que estão hoje mandatários no PSDB. Tem o Renivaldo [Nascimento] de um lado e tem o Diego do outro. A gente já travou duras batalhas dentro da Câmara, já tivemos debates extremamente acalorados. Mas a nossa questão no posicionamento político local é adversa, caminho oposto.
Diego Guimarães – O PRTB é um projeto completamente atraente, porque era a construção de um partido que não tivesse nenhum vínculo, nenhum cacique dentro do Estado e que possibilitasse, sob o comando do Leandro Figueredo, a construção de chapas para deputados estaduais e federais e de um novo grupo político em Mato Grosso.
Todavia, a gente também sabe das dificuldades que tem, porque é um partido que não tem fundo eleitoral, não tem tempo de TV, tido como nanico. Diante disso, tem outros partidos que já nos procuraram, como por exemplo o PSD, o Republicanos, o PDT, e até do MDB.
O Carlos Bezerra [presidente do MDB] me ligou e me convidou, o Kalil Baracat [prefeito de Várzea Grande] também, mas obviamente agradeci o convite deles e recusei, disse que não teria como não apenas por não ter talvez um alinhamento ideológico com partido da forma como vai acontecer nacionalmente, mas também porque lá tem o Emanuel Pinheiro.
MidiaNews – No caso do PRTB, no alinhamento estadual, ele caminha com Mauro Mendes?
Diego Guimarães – Ele possivelmente caminhará sim, possivelmente, é uma das coisas que vem sendo discutidas internamente, mas isso será definido apenas na convenção. Porque hoje aguardam ainda que se levante alguma outra candidatura para enfrentar o Mauro Mendes. O que, na minha visão, até o momento não existe e talvez não tenha nem tempo hábil para que se construa uma candidatura no enfrentamento ao Mauro Mendes.
Era o nosso desejo, inclusive em determinados momentos a gente colocou o nosso nome à disposição para disputar o Governo do Estado contra o Mauro Mendes, mas é muito difícil construir um grupo político sem que tenha uma base extremamente forte. Então a gente percebeu que o caminho não seria esse, mas sim formar realmente uma chapa de estadual, uma chapa de federal que possam disputar a eleição. E quem sabe, em um futuro próximo, a gente possa disputar o Governo do Estado com esse grupo.
MidiaNews – Como o senhor avalia as chances de reeleição de Mendes?
Diego Guimarães – Há de se reconhecer que o Mauro Mendes, no campo político, não é o mais habilidoso. Nós percebemos isso. Muita gente achou que nos nossos quatro primeiros anos de mandato nós tínhamos uma proximidade ou uma ligação umbilical com o Mauro Mendes, mas nunca tivemos. Ele nunca foi um apoiador do Diego, do Abílio [Junior], do [Felipe] Wellaton, do [Marcelo] Bussiki, de quem quer que seja, diretamente. Sempre silenciosamente. Nunca tivemos um encontro com o governador para talvez nos orientar, ter aquele negócio de grupo político mesmo.
Agora, administrativamente há que se reconhecer que ele manda muito bem, que ele acertou, ele equalizou as contas do Estado, os municípios hoje estão recebendo recurso. Por onde eu passo e converso com os prefeitos, eles estão agradecidos com o Governo do Estado, porque o dinheiro está chegando na ponta.
E aí você percebe que muda a posição de um Governo de Estado que estava com salários atrasados, que não estava cumprindo com suas obrigações constitucionais e repasses aos municípios, que não estava dando conta da Saúde, da Educação, da Infraestrutura, e a gente passa para um Governo que hoje paga em dia, que está disposto a fazer investimentos, que honra com os repasses obrigatórios e que também dá condições aos municípios, por meio de convênios, para que eles executem grandes políticas públicas, como está acontecendo em todo o Estado.
Por onde eu passo, são milhões e milhões de reais de convênios que os municípios estão recebendo do governador. Então, aí a gente passa a perceber que por mais que ele não seja o mais habilidoso [no campo político], administrativamente ele acerta bastante.
MidiaNews – Ao mudar de sigla, caso houvesse um pedido para o senhor alterar o seu projeto, que é tentar uma vaga na Assembleia, para uma candidatura ao Governo do Estado, faria esse movimento? Ou é uma decisão que não tem mais volta?
Diego Guimarães – Não, acho que agora não é momento. Porque em tudo o que a gente constrói, a gente se torna refém do que a gente fala. E com a política é assim, porque as pessoas criam expectativas em torno das nossas narrativas. Eu já passei, até hoje, por mais de 20 municípios onde conversei com pessoas e coloquei uma candidatura a deputado estadual. E os movimentos dessas pessoas passam a ser orbitando ao redor desse projeto. Então, uma mudança de rumo hoje se torna muito difícil e também perigosa.
MidiaNews
Então, acredito que hoje a gente tem que focar no projeto que foi colocado, tentar colocar ele em prática porque não é fácil – o Mato Grosso é muito grande e o movimento político é muito rápido, muito dinâmico. E a gente ainda tem um mandato em Cuiabá que temos que estar aqui semanalmente participando das sessões, cumprindo reuniões, visitando e fazendo fiscalização, até porque a gente vê que Cuiabá, infelizmente, está em uma situação de abandono. E aí, mais ainda o Diego é solicitado aqui em Cuiabá. Por tudo isso, a gente tem que focar naquilo que a gente pretende conquistar, que é a Assembleia Legislativa.
MidiaNews – Ainda avaliando o cenário estadual, como vê essa intenção do prefeito Emanuel Pinheiro de ser candidato ao Governo? Acha que ele tem musculatura para levar a cabo esse projeto?
Diego Guimarães – Essa fala do Emanuel Pinheiro de que vai sair candidato ao Governo do Estado já se tornou motivo de piada no meio político. Ele não tem coragem, porque se perder o mandato, a chance de ele ser preso em um curto espaço de tempo é gigante.
E segundo que essa seria a única condição de eu sair candidato ao Governo neste momento: se o Emanuel fosse candidato a governador também. Porque eu já disse que por onde ele passar levando mentira, eu passarei levando verdade. Porque se ele vai para o interior para falar que Cuiabá está um mar de rosas, a gente sabe que não está. E só quem vive e conheceu de perto a gestão Emanuel Pinheiro pode desmentir todas as inverdades que ele venha trazer.
MidiaNews – O senhor já recebeu alguns convites. O PRTB é o mais viável no momento ou há conversas adiantadas com outras siglas?
Cuiabá hoje tem problema de caixa, problema para pagar salários, dificuldade de honrar fornecedores. Cuiabá hoje não entrega um serviço de saúde ou de educação de qualidade, a cidade está completamente esburacada e eu nunca vi isso. Eu moro em Cuiabá há aproximadamente 20 anos e eu nunca vi a malha viária tão abandonada como está hoje. Não tenho dúvida de que é a pior gestão que Cuiabá já teve no quesito manutenção de vias públicas.
Então, eu não acredito na candidatura do Emanuel. Ele não tem essa coragem, não tem grupo político, está abandonado. Eu sinto o Emanuel encastelado. E mesmo o mandato de prefeito eu acho que ele não termina, porque é muito escândalo, muito rolo, muita corrupção.
Outras operações devem vir ainda este ano com relação ao dinheiro do Covid. Temos informações e estamos acompanhando algumas coisas que desencadearam da CPI dos Medicamentos e possivelmente ele pode ter outros mandados de busca e apreensão, prisão e afastamento, seja o que for.
MidiaNews – O Emanuel tem como seu principal slogan a questão da “gestão humanizada”. Mas vemos, por exemplo, um Restaurante Popular que está fechado, fato denunciado pela oposição recentemente. Como estão acompanhando essa questão?
Diego Guimarães – O Restaurante Popular está fechado há mais de três anos. Ali que deveria abrigar pessoas, ainda mais hoje pensando na inflação que nós estamos vivendo, o desemprego que existe e a dificuldade que as pessoas estão enfrentando para manter o básico, o Restaurante Popular deveria não apenas acontecer ali, mas deveria acontecer nos bairros também.
O prefeito aprovou no final do ano passado uma lei que garantiria a existência de restaurantes populares nos bairros, mediante convênio com alguns restaurantes. Mas aí a gente parte para um orçamento em que ele colocou R$ 500 mil para servir refeições para as pessoas. É ínfimo esse orçamento. Isso não dá conta de manter um atendimento básico das pessoas que hoje estão abaixo da linha da pobreza em Cuiabá, como as filas dos ossinhos, sequer por dois ou três meses. E aí a gente vê tanto gasto em áreas que não são tão necessárias, como o inchaço da máquina, inaugurações, festejos. Nisso ele é bom.
A atitude do Juca [do Guaraná] beneficiou as mais de 30 pessoas que foram indiciadas. O atraso no envio do relatório beneficiou apenas os investigados
Veja o que aconteceu ali no Dutrinha. O estádio ficou fechado quase três anos para fazer uma mão de tinta. Vamos falar a verdade, não houve uma reforma. Você vai nos vestiários, está tudo igual. No gramado houve só uma obra de drenagem, que não custa tanto e não demoraria tanto tempo pra fazer. Isso mostra a incompetência da gestão municipal.
MidiaNews - Quais outras fragilidades o senhor enxerga na gestão?
Diego Guimarães - Então, assim como como o Restaurante Popular, temos a Escola Filogônio Corrêa da Costa, no Bairro Santa Terezinha, que está fechada há dois anos, a Escola Ana Tereza no Campo Velho que está fechada há dois anos. A gente vai para a UPA Leblon, que já era pra estar pronta desde o final da gestão Mauro Mendes, que foi passada com 80%, 90% de obra executada e não foi entregue até hoje. Isso tudo mostra a incompetência, a desumanização dessa gestão Emanuel Pinheiro.
Se a gente for falar de Educação, no atendimento das crianças autistas, com dislexia, com qualquer tipo de deficiência, nós regredimos. Regredimos na atenção da educação inclusiva, as mães hoje tão desesperadas, essa é a verdade, porque precarizou muito o serviço das Cuidadoras de Alunos com Deficiência (CADs), pois eles terceirizaram o serviço.
MidiaNews – A gente viu a grande operação que culminou no afastamento do prefeito do cargo em razão do “Cabidão da Saúde”. A oposição tem acompanhado como está a realidade dessa situação no Executivo hoje? Ainda há denúncias?
Diego Guimarães – Eles fizeram um processo seletivo. Houve um acordo com o Ministério Público para ter um processo seletivo, para poder admitir alguns servidores. Ainda existe muito apadrinhamento dentro da Saúde, principalmente para os cargos de chefia, o que é ruim porque o critério não passa a ser a capacidade de trabalho, a técnica, a capacidade de liderança. Infelizmente, o critério continua sendo apadrinhamento político.
E também há algumas coisas extremamente suspeitas, algumas empresas que estiveram envolvidas também em escândalos das UTIs, que continuam recebendo a Prefeitura. A gente tem feito alguns levantamentos de que várias empresas que estiveram envolvidas, como a MT Pharmacy, continuam recebendo da Prefeitura e isso tudo nos traz muita suspeita, muita dificuldade de ter transparência no serviço público.
MidiaNews
Na Câmara de Cuiabá, Diego faz oposição à gestão Emanuel Pinheiro desde o primeiro mandato, iniciado em 2017
MidiaNews – Na Câmara nós vemos o seu nome, do Paccola e da Edna Sampaio como pré-candidatos a deputados estaduais, além de Dilemário Alencar e Michelly Alencar. A oposição não perde com a eventual saída de vocês do Parlamento cuiabano?
Diego Guimarães – De sorte alguma. Eu acho que a gente fortalece. A eventual saída do Diego da Câmara para ir para a Assembleia, se for vontade de Deus e da população mato-grossense, abre espaço para a vereadora Maísa Leão, que é uma competentíssima pessoa, que já mostrou a sua capacidade quando me substituiu por 60 dias na Câmara Municipal, é uma mulher guerreira, com bandeiras extremamente fortes como da criança com deficiência, o autismo.
Ela traz também a figura feminina para o Parlamento e é também uma exímia fiscalizadora. Na questão dos medicamentos vencidos, ela não teve dificuldade nenhuma em ir fiscalizar e em fazer os enfrentamentos dentro da Câmara, fora, mostrou que está preparada.
Então, o Diego abrir espaço na Câmara Municipal para a Maísa é um ganho, porque é oxigênio novo, uma pessoa com mais garra, mais fibra. Porque talvez até a nossa existência lá há cinco anos traz uma forma de trabalhar reiterada que já é conhecida. Foi uma construção que passou desde o início com Diego, Abílio, Wellaton, Dilemário aderiu, Bussiki. Esse time construiu a sua história e deixou preparado o caminho, e outras pessoas precisam dar sequência.
MidiaNews – O senhor tem o sonho de disputar a Prefeitura de Cuiabá? Pode ser um projeto viável para 2024 ou depende da eleição deste ano?
Não posso admitir, não penso que é razoável para o Brasil voltar ao Governo do PT, especialmente pelas mãos do Lula
Diego Guimarães – Neste momento, não. Sempre digo que você tem que viver um projeto de cada vez, um dia de cada vez. O caminho e as oportunidades surgem e os melhores preparados acabam ocupando os espaços. Tanto na minha carreira jurídica quanto enquanto estudante, como professor, sempre procurei estar preparado. Hoje estou preparado e construindo, pavimentando uma candidatura à Assembleia. Quem sabe 2024, 2028, 2032, eu esteja preparado e seja a oportunidade para que a gente dispute e conquiste a Prefeitura de Cuiabá. Mas não tem como eu disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa olhando para a cadeira de prefeito. Então, não passa pela minha cabeça neste momento.
Agora, que o nosso grupo político vai ter um candidato para disputar a Prefeitura de Cuiabá, você não tenha dúvida. Pode ser um nome desses que já estão inseridos no cenário político ou pode ser talvez um nome completamente desconhecido. Tudo vai depender do cenário, do momento, do que vai estar acontecendo em Cuiabá em 2024.
MidiaNews – No país a gente vê uma briga boa se formando pelo Palácio do Planalto. Com quem Diego caminha nessas eleições? Lula, Bolsonaro ou nenhum dos dois?
Diego Guimarães – Se a polarização ficar entre Lula e Bolsonaro, eu fico com o Bolsonaro. Não posso admitir, não penso que é razoável para o Brasil voltar ao Governo do PT, especialmente pelas mãos do Lula. Mas, como eu estou em uma construção agora de partido, também vamos ter que analisar como o nosso partido vai se posicionar.
Espero muito que o Brasil não vote apenas em nomes, mas em projetos. Não apenas no campo político, mas no campo econômico, no campo da educação, da saúde, da logística – porque o nosso Estado depende muito da logística.
MidiaNews – O senhor acredita que algum desses nomes que se colocam hoje como terceira via conseguem chegar a um eventual segundo turno na disputa pela Presidência?
Diego Guimarães – Gostaria que sim, mas infelizmente acredito que não. Não há mais tempo. Quando a gente analisa essa polarização Bolsonaro x Lula, ela se retroalimenta de uma forma que vão chegar ao segundo turno apenas os dois. E se isso acontecer, tanto no primeiro quanto no segundo turno, se continuar essa polarização, pretendo caminhar com Bolsonaro.