Com filiações realizadas nesta terça-feira (15), o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, se tornou a sigla com a maior bancada da Câmara, com pelo menos 60 deputados, à frente de União Brasil (58) e PT (53), segundo levantamento do g1. No último dia 3, quando se abriu a janela partidária (período até 1º de abril no qual os deputados podem trocar de partido sem risco de perder o mandato), a bancada do PL somava 42 deputados. Desde então, o partido perdeu quatro parlamentares na Câmara, mas filiou outros 22.
O g1 confirmou parte dessas filiações com base nos registros oficiais no site da Câmara dos Deputados e a outra parte em contato com os gabinetes dos deputados, que confirmaram o ingresso dos parlamentares no PL. Nesta terça-feira, em uma cerimônia em Brasília, o partido filiou pelo menos quatro deputados (Carla Zambelli, Major Fabiana, General Girão, oriundos do União Brasil, e José Medeiros, ex-Podemos).
O g1 não conseguiu confirmar duas filiações de deputados ao PL previstas para esta terça — Filipe Barros (União Brasil-PR) e Paulo Begtson (PTB-PA). Caso se confirmem, o número de deputados da bancada aumenta para 62.
No último sábado, houve outro evento de filiação, com a presença do presidente Jair Bolsonaro, no qual ingressaram no partidos outros 11 deputados. Para o próximo sábado, está previsto um novo evento, no qual estão programadas as filiações, entre outros, dos deputados Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente, Bia Kicis (DF) e Hélio Lopes (RJ).
Durante a cerimônia de filiações desta terça-feira, o presidente nacional do PL , Valdemar Costa Neto, comemorou a "sorte" de ter levado Jair Bolsonaro para o partido. "Eu fico pensando da sorte que nós tivemos de poder recebê-lo no nosso partido. Eu nunca imaginei. Eu passei 30 anos correndo atrás de deputado para o meu partido crescer", afirmou em discurso. " Nunca pensei que nós iríamos chegar aonde nós estamos chegando", disse.
Por esse motivo, segundo Costa Neto, o partido precisa ser "fiel" a Bolsonaro e "fazer tudo" o que ele estabelecer. "O eleitor do Bolsonaro é fiel e, aconteça o que acontecer, o resultado vai vir. Por isso, nós temos que ser fieis ao Bolsonaro, fazer tudo que o que ele pede, tudo que ele precisa. Estamos enfrentando problemas em alguns estados e vamos enfrentar em todos que precisar para podermos retribuir o que ele fez para nós", declarou.
A maioria dos deputados que migraram para o PL na janela partidária saiu do União Brasil. A legenda nasceu em fevereiro, após confirmada a fusão entre PSL e DEM pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião, a corte concedeu 30 dias para que os filiados pudessem optar por permanecer ou deixar o partido.
Com a junção, o União Brasil surgiu com 81 parlamentares. Dias depois, começou a perder os primeiros correligionários. Iniciada a janela partidária, o União Brasil tinha 78 deputados federais e ainda era a maior bancada da Câmara.
Passadas quase duas semanas de movimentações, o União desidratou e agora soma 58 integrantes. No período da janela partidária, a bancada do partido só ganhou uma nova integrante: Rose Modesto, que deve disputar o governo do Mato Grosso do Sul.
A saída em massa do União Brasil já era esperada. O partido tinha entre os filiados deputados eleitos pelo PSL com o apoio do presidente Jair Bolsonaro em 2018, eleito sob a mesma legenda.
Bolsonaro anunciou a saída do partido ainda no primeiro ano de governo, após uma série de desentendimentos com Luciano Bivar, presidente do PSL à época e atual presidente do União Brasil. À época, o presidente anunciou a criação do Aliança pelo Brasil (vídeo abaixo), que não chegou a sair do papel. Os aliados na Câmara, no entanto, não deixaram o PSL e esperaram o anúncio da nova casa de Bolsonaro para preparar a migração.