As investigações da Polícia Civil no âmbito da Operação La Catedral, deflagrada nessa terça-feira (07), apontaram que presos da Cadeia Pública de Primavera do Leste eram utilizados como mão de obra para serviços pessoais nas chácaras do diretor da Cadeia, Valdeir Zeliz dos Santos, e do principal alvo da operação, Janderson dos Santos Lopes.
Conforme as investigações, conduzidas por cerca de um ano pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Primavera do Leste, Janderson está detido em regime fechado na Cadeia Pública do município para cumprimento de uma pena de 39 anos de prisão.
Ele tinha autorização judicial para trabalhar externamente, mas desrespeitava as determinações e atuava exclusivamente em atividades particulares, até mesmo fora do município.
Ao acompanhar a rotina de Janderson, a Polícia Civil identificou que o preso não apenas frequentava a sua chácara, no município de Poxoréu, como também empregava mão de obra de outros presos para atividades particulares no local.
“Os presos faziam serviços ordinários de chácara, como limpeza e ordenha. Além disso, como a maior parte dos presos são pedreiros e pintores, ele também aproveitava a mão de obra para a manutenção da chácara e realização de benfeitorias”, explicou o delegado Honório Neto.
Segundo as investigações, os presos também atuavam em empresas de Janderson e na chácara do diretor Valdeir. Eles chegaram a construir uma casa em um de seus terrenos. Ao menos 20 presos foram identificados trabalhando na propriedade rural de Janderson e 24 na de Valdeir.
Operação La Catedral
A operação, deflagrada em 7 de maio pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Primavera do Leste, apura crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de capitais e facilitação de saída de pessoas presas para atividades ilegais.
Foram cumpridas 132 ordens judiciais de prisões preventivas, bloqueios de contas bancárias, além de sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados.
Segundo as investigações, Janderson, principal alvo da operação, realizava atividades ilegais mesmo estando preso e contava com a anuência do diretor da Cadeia Pública, Valdeir Zeliz dos Santos, que deu apoio à formação de uma associação criminosa mediante recebimento de vantagens indevidas.
O grupo criminoso atuava para promover a lavagem de dinheiro de origem ilegal por meio de transações entre terceiros e empresas, além da compra de bens, como veículos e imóveis.