18 de Janeiro de 2025

POLÍCIA Segunda-feira, 26 de Setembro de 2022, 09:12 - A | A

SUSPEITO DE ESTUPRO

Empresário que agrediu modelo não se apresenta à Justiça

Thiago Brennand saiu do Brasil após se tornar réu; ele também é suspeito de estupro

G1

 Thiago Brennand Fernandes Vieira

Thiago Brennand Fernandes Vieira, de 42 anos, não se apresentou à Justiça até a última sexta-feira (23), quando terminou o prazo de dez dias dado para o empresário voltar ao Brasil e entregar seu passaporte. Segundo o Tribunal de Justiça (TJ) informou neste domingo (25) à reportagem, ele não compareceu ao fórum onde responde ao processo no qual é réu nesse período. O homem é acusado de agredir uma modelo após discussão numa academia, em agosto.

O caso foi revelado no mês passado pelo Fantástico, que mostrou o vídeo das agressões, gravado por câmera de segurança da Bodytech. O programa da TV Globo também entrevistou a aluna agredida, Helena Gomes, de 37 anos.

Após a repercussão do caso, Thiago foi expulso da academia Bodytech e deixou São Paulo, no dia 3 de setembro, seguindo viagem para Dubai, nos Emirados Árabes. À época, a defesa dele alegou que seu cliente retornaria ao Brasil em 18 de outubro. Até a última atualização desta reportagem o g1 não conseguiu localizar seus advogados para informar se o empresário voltou ao Brasil.

A viagem ocorreu antes de a Justiça aceitar a denúncia do Ministério Público e tornar o empresário réu pelos crimes de lesão corporal e corrupção de menores. A Promotoria o acusa de agredir a modelo e de incentivar o filho dele, menor de 18 anos de idade, a ofendê-la.

O advogado da vítima, Marcio Janjacomo, que também atua como assistente da acusação, afirmou ao g1 que caberá ao Ministério Público (MP) decidir, a partir desta segunda-feira (26), se pede ou não a prisão preventiva de Thiago. A manifestação da Promotoria será encaminhada à Justiça, que determinará se concorda com a posição do MP.

"Segunda iremos requisitar ao Ministério Público providências. O Ministério público tem de se pronunciar", afirmou Janjacomo, que já havia feito pedido de prisão preventiva para o empresário anteriormente.

De acordo com o advogado, não há informações oficiais de que o acusado tenha voltado ao país. "[Thiago] não retornou nem entregou [o passaporte]. Ele descumpriu determinação judicial em processo criminal".

 

A Justiça paulista obrigou Thiago a retornar a São Paulo num período de dez dias. De acordo com decisão da Justiça do dia 13 de setembro, publicada em 14 de setembro, caso Thiago não voltasse ao Brasil e entregasse seu passaporte no período determinado, ele correria o risco de ser preso preventivamente. O empresário ainda foi proibido de frequentar academias e de se aproximar de testemunhas. Ele ainda não foi interrogado.

"Fica o acusado advertido de que o descumprimento de quaisquer das medidas cautelares impostas poderá ensejar a decretação de sua prisão preventiva", informa trecho da decisão judicial.

Se a Promotoria pedir a prisão dele, a Justiça decretar e o empresário não se entregar, ele passará a ser considerado foragido.

O Ministério Público de São Paulo também começará a ouvir nesta segunda-feira (26) as dez novas mulheres que acusam Thiago de estuprá-las. Duas delas ainda alegam que o empresário as obrigou a tatuarem as inicias dele, "TFV", em seus corpos.

Defesa x acusação

Desde o início da repercussão do caso, a defesa de Thiago tem negado as acusações de que o empresário agrediu Helena dentro da academia e de que incitou seu filho a xingar a aluna. Em entrevista ao Fantástico, o empresário chegou a alegar que fez "uso comedido da força" quando puxou os cabelos da aluna.

"O vídeo com a Helena, que é uma coisa onde você vê um camarada como eu fazendo uso comedido da força. Não há um tapa, não há uma lesão. A mulher não sofreu uma lesão. Colocaram uma foto de um chumaço de cabelo, uma pantomima. Um chumaço de cabelo. É evidente que o empurrão gerou nada. O que houve ali foi uma contenção e uma resposta certeira. E faria absolutamente tudo de novo", havia dito o empresário ao programa da TV Globo.

De acordo com a Justiça, Helena passou a ser perseguida por Thiago depois que ele pediu o número do telefone dela na academia e a convidou para sair para jantar. Como ela não aceitou, o empresário a destratou e a agrediu.

“Neste momento, ele me deu um empurrão. Além dele empurrar daquela forma, ele foi falando vários palavrões”, contou a modelo também em entrevista ao Fantástico. “Ele falou: ‘Vou cuspir em você porque você merece’. E cuspiu em mim”.

Durante as investigações, a Polícia Civil apreendeu acessórios para armas de Thiago dentro de uma mala num armário dele que fica no Centro Equestre do Condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (veja imagem ao final desta reportagem). Uma perícia irá apontar se os equipamentos estão legalizados. Logo após a operação, o Exército suspendeu o certificado de registro de CAC (sigla para colecionador de armas, atirador e caçador desportivo), que permitia a Thiago ser colecionador de armas.

Mais 10 vítimas

A primeira das novas dez vítimas de Thiago que serão ouvidas nesta segunda pelo Núcleo de Atendimento à Vítima de Violência (NAVV) do Ministério Público será uma mulher que o Fantástico entrevistou em reportagem exibida no dia 5 de setembro. Ao programa, ela contou que Thiago a manteve em cárcere privado, a agrediu, e divulgou um vídeo íntimo dela sem o seu consentimento, além de forçá-la a fazer a tatuagem com as letras do nome do empresário.

O depoimento dela será feito por videoconferência. No caso dessa mulher, serão apurados os crimes de estupro, cárcere, lesão e ameaça. O Ministério Público ainda vai marcar as datas para ouvir as demais mulheres. Alguns dos depoimentos poderão ser presenciais também. Todas as vítimas serão ouvidas exclusivamente pelo NAVV, na cidade de São Paulo.

Os casos acima teriam ocorrido entre 2021 e este ano em Porto Feliz, no interior paulista, onde o empresário tem residência num condomínio de alto padrão. Entre as vítimas, estão mulheres que o conheceram pelas redes sociais ou pessoalmente e tiveram algum contato ou relacionamento com ele.

 

3 tatuadas com TFV

Com mais essas duas mulheres que disseram ter que tatuar as iniciais do empresário, sobre para três o número de vítimas obrigadas a se marcar com o nome de Thiago.

O Ministério Público em Porto Feliz reabriu a investigação para apurar o crime de lesão corporal contra a mulher que deu entrevista ao Fantástico e será ouvida nesta segunda pelo NAVV.

“Ele [Thiago] saiu do quarto dele e falou: ‘nenhuma mulher que está comigo grita desse jeito’. E começou a me bater de novo. E aí foi quando ele me levou para o quarto dele. E aí começou a fazer o ato mesmo, forçado ali”, contou a mulher ao programa da TV Globo.

Em outra ocasião, ela disse que Thiago a obrigou a tatuar no corpo dela as iniciais do nome dele. “E ele: ‘ah, tem uma surpresa hoje’. Quando nós chegamos, já estava o tatuador lá com tudo montado, montando as coisas”, disse a vítima ao Fantástico. “Eu falei assim: 'Thiago, não faz isso comigo, Thiago'. Daí [ele] falou assim: 'Você agora é propriedade minha, você vai ficar marcada'. E a arma dele ali, todo mundo vendo ele armado”.

Homens denunciam agressões

Além das mulheres, ao menos dois homens acusam o empresário de agressões. Um foi um enfermeiro de um hospital na capital; outro um garçom de um hotel em Porto Feliz.



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