Durante um evento no Tribunal de Contas do Estado (TCE) para discutir o novo marco do saneamento e a destinação adequada dos resíduos sólidos na região do Vale do Rio Cuiabá, o prefeito de Chapada dos Guimarães, município localizado a 60 km de Cuiabá, fez uma declaração preocupante sobre a situação da coleta de lixo na região.
Segundo ele, o crime organizado, em particular o grupo conhecido como Comando Vermelho, tem exercido controle sobre o lixão da cidade e de outras localidades em Mato Grosso.
O prefeito ressaltou que a coleta de recicláveis, em especial a realizada de forma paralela, tem sido alvo de conflitos entre cooperativas e pessoas vinculadas às facções criminosas.
Segundo suas informações, essa coleta paralela gera uma receita de até R$ 15 mil por mês para os grupos criminosos, representando uma realidade presente em diversos estados brasileiros.
“Ameaçam coletores de recicláveis, colocam fogo nos lixões para que as latas de alumínio fiquem mais visíveis e sejam coletadas com facilidade”, revelou o prefeito. A situação tem gerado grande preocupação para as autoridades locais, uma vez que a atuação do crime organizado nessa área tem provocado impactos negativos no meio ambiente, na segurança dos coletores e na gestão adequada dos resíduos sólidos.
Em uma entrevista recente à imprensa, o comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Mendes, também expressou sua preocupação em relação à expansão das atividades criminosas na região. Além do controle sobre a coleta de lixo, o crime organizado tem avançado para a compra e exploração ilegal de propriedades rurais, aumentando ainda mais a sua influência em atividades econômicas e ilegais.
O Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) também tem levantado sinais de alerta quanto à presença das facções criminosas em atividades extrativistas ilegais, como garimpo, grilagem de terras e comércio clandestino de madeira. A combinação do controle do lixão com a atuação em atividades extrativistas coloca em risco a preservação ambiental, além de representar uma ameaça à segurança e ao bem-estar da população.