A Polícia Federal apontou, durante a operação Rescapta deflagrada nesta quinta-feira (17), que os servidores da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em Ribeirão Cascalheira estariam cobrando valores de grandes fazendeiros da região para direcionar e intermediar arrendamentos no interior da Terra Indígena Xavante Marãiwatsédé. Além da propina aos servidores, os quinze arrendamentos estariam gerando repasses de aproximadamente R$ 900 mil por mês à liderança indígena Xavante.
Os alvos da operação são o militar da reserva e coordenador da Funai em Ribeirão Cascalheira Jussielson Gonçalves Silva; o policial militar Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza e Enoque Bento de Souza. Além do cacique Damião Paridzané, que recebia o valor da propina.
Além deles também foi expedida uma ordem judicial para o afastamento de Thaiana Ribeiro Viana das funções na Funai.
De acordo com a Polícia Federal, além da propina aos servidores, os quinze arrendamentos estariam gerando repasses de aproximadamente R$ 900 mil por mês à liderança indígena Xavante. O líder também ganhou um veículo de luxo que foi apreendido.
Exames periciais apontaram extenso dano ambiental provocado por queimadas para formação de pastagem, desmatamento e implantação de estruturas voltadas à atividade agropecuária. Apenas em quatro dos quinze arrendamentos ilícitos, os Peritos Criminais Federais estimaram o valor para reparação do dano ambiental em R$ 58.121.705,87.
Em razão de pedido da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a Justiça Federal em Barra do Garças ainda consignou que os fazendeiros que estão arrendando terras no Interior da Reserva Indígena Marãiwatsédé devem desocupar a área e retirar de lá todo o gado, estimado em aproximadamente 70 mil cabeças, no prazo de 45 dias, sob pena de prisão.
Caso descumprida a ordem judicial, poderá ser decretada a prisão dos arrendatários – já qualificados – assim como determinado o sequestro de todo gado inserido na Reserva Indígena.