03 de Dezembro de 2024

POLÍCIA Quarta-feira, 19 de Julho de 2023, 08:07 - A | A

ANUÁRIO DA DELEGACIA DA MULHER

Ameaça está no topo dos crimes cometidos contra mulheres em Cuiabá durante 2022

Levantamento detalha os 6.081 casos atendidos no último ano pela unidade policial e propõe reflexões para além do sistema judicial no enfrentamento à violência de gênero

AMANDA GARCIA - HNT

mulher chorando

 

A ameaça liderou o ranking de crimes cometidos contra mulheres registrados no ano de 2022, em Cuiabá.

O ato de intimidar as vítimas representa 24% dos 6.081 atendimento realizados pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) na cidade ao longo de todo o ano, conforme dados divulgados Polícia Civil no 6º Anuário da DEDM, a partir do registro de ocorrências.

O documento em questão detalha o perfil das vítimas atendidas, o número de ocorrências registradas de crimes de violência doméstica, os bairros de maior incidência e o perfil dos agressores. O crime de injúria aparece em segundo lugar, com 17,9% dos registros.

Destacamos que cada registro de ocorrência envolve, na maioria das vezes, mais de uma natureza criminal, portanto, a presente tabela visa verificar a frequência da totalidade dessas naturezas no montante de registros”, consta em trecho.

Crédito: Reprodução

tabela violência mulher

 Tabela rankeia tipos de crimes sobre violência contra a mulher em Cuiabá 

Quando se trata da motivação, os casos de violência doméstica acumularam 61,9% dos registros, seguida pela motivação sexual, com 4,9% do total de casos registrados.

De acordo com os dados, os 10 bairros de Cuiabá com maior quantidade absoluta de registros de violência contra a mulher são os seguintes:

1º DOM AQUINO – 1,5% (48 casos)

2º PEDRA 90 – 1,5% (47 casos)

3º JARDIM IMPERIAL – 1,0% (31 casos)

4º CENTRO SUL – 0,9% (27 casos)

5º CENTRO NORTE – 0,8% (25 casos)

6º GRANDE TERCEIRO – 0,7% (23 casos)

7º TIJUCAL – 0,7% (23 casos)

8º GOIABEIRAS – 0,7% (21 casos)

9º MORADA DA SERRA – 0,6% (20 casos)

10º BOA ESPERANÇA – 0,6% (20 casos)

Outros dados que chamam atenção são os perfis das vítimas, sendo elas, em sua maioria, mulheres pardas ou negras, separadas ou solteiras e com a faixa etária de 35 a 45 anos. O relatório também mostra que, a apesar de a maioria dessas mulheres ter ensino médio completo, 9,1% das vítimas declararam não estar em um emprego formal.

Excetuando tais situações, 9,1% das vítimas se declararam do lar. Outra importante observação diz respeito ao grande número de mulheres que se encontram atuando em profissões denominadas de ‘subemprego’ e são elencadas como “outras profissões”, contando com o percentual de 19,4% nessa situação”, aparece.

Além disso, no levantamento consta que 25,7% dos crimes são praticados por ex-conviventes, seguidos de ex-marido, com 13,3% dos registros.

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Conforme a Polícia Civil, no de 2022 foram registradas 101 mortes femininas em todo Mato Grosso; destas, 47 se enquadram em feminicídio, crime que implica na condição de a vítima ser mulher. As outras 54 tiveram como motivação rixa, vingança ou tráfico, por exemplo.

No levantamento, a DEDM informa que a pesquisa visa apresentar uma análise de dados apta a gerar discussões, reflexões e a busca de soluções viáveis para a diminuição dos índices de violência de gênero contra a mulher em Cuiabá e no Estado.

Após mais de quinze anos da edição da Lei Maria da Penha, faz-se necessário algumas mudanças a nível de estratégias de enfrentamento. Ousa-se a pensar ainda em quebra de paradigmas para além do sistema judicial, no âmbito das articulações entre os vários atores e instituições que fazem parte desse processo de enfrentamento à violência contra a mulher, no sentido de fomentar mais ações que possam privilegiar as políticas de prevenção e assistência”, cita o documento, assinado pela delegada titular da DEDM, Jozirlethe Magalhães Criveletto.



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