05 de Maio de 2024

OPINIÃO Sexta-feira, 15 de Março de 2024, 16:10 - A | A

Peru não morre de véspera

kleber Lima

 Kleber Lima

Confirmando a velha máxima segundo a qual o peru não morre de véspera, o jogo eleitoral deste ano somente agora está começando a ganhar seus primeiros contornos reais.

Um marco para as definições é o rearranjo partidário que se dará nos próximos dias em razão da janela partidária.

A legislação eleitoral vigente abre um período de 30 dias, que culminam seis meses antes das eleições no primeiro turno, para os parlamentares do último ano de mandato poderem trocar de partido sem incorrer na perda do mandato por infidelidade partidária. Caso dos vereadores atuais.

E, como onde passa um boi, passa uma boiada, o dia 5 de abril vindouro é o prazo limite para a filiação partidária dos interessados em disputar cargos eletivos este ano.

Esse prazo, iniciado no dia sete desse mês, provocou um alvoroço nos bastidores da pré-campanha, porque, sem a possibilidade de coligação proporcional, os candidatos a vereador estão fazendo cálculos para ver em que partidos suas chances são melhores. Esses cálculos também passam pelos partidos e federações alinhados aos principais candidatos a prefeito.

Entre os candidatos majoritários, esse também acaba sendo um momento definidor. Veja-se o caso de Cuiabá. Após a demorada e delicada definição do deputado Eduardo Botelho como candidato da coalizão do governador Mauro Mendes, a expectativa e os olhares do público se voltaram para a dúvida do candidato da esquerda, já que havia uma disputa interna no PT entre o deputado estadual Lúdio Cabral e a ex-deputada federal Professora Rosa Neide. 

Dúvida agora desfeita, já que o PT se decidiu por Lúdio Cabral. Ainda falta resolver a colocação do nome do vice-prefeito de Cuiabá, José Roberto Stopa, já que seu partido – o PV – está federado com o PT. Mas, ninguém em sã consciência trocaria o Ludio pelo Stopa, em razão do desempenho de ambos nas pesquisas.

Na derradeira pesquisa de intenção de voto divulgada em Cuiabá pelo instituto MT Dados, os números foram os seguintes no principal cenário estimulado:

• Eduardo Botelho - 33%

• Abílio Brunini – 19%

• Lúdio Cabral – 14%

• José Roberto Stopa – 6% 

A mesma pesquisa mostra o seguinte resultado de rejeição dos principais candidatos:

• Abílio Brunini – 22%

• Lúdio Cabral – 13%

• José Roberto Stopa – 8%

• Eduardo Botelho – 5%.

De per si, os números mostram um favoritismo inicial de Eduardo Botelho, que tem as melhores intenções de voto e a menor rejeição.

Abrindo o leque das interações fatoriais, o chamado contexto, contudo, é forçoso reconhecer que ainda tem muita água para passar debaixo da ponte.

O primeiro fator é ver como ficará o arranjo das chapas proporcionais que vão se aglutinar em torno de cada candidato majoritário.

Lembrado que dos mais de 29 partidos registrados no Brasil, pelo menos 20 deles deverão lançar chapas completas para vereador em Cuiabá. Como partido poderá ter 28 candidatos, teremos pelo aproximadamente 560 candidatos a vereador com alguma viabilidade, e eles são, ao mesmo tempo, os principais cabos-eleitorais a pedir votos para seus respectivos candidatos a prefeito.

O segundo fator para o qual chamo a atenção é o ideológico. Tirando o líder Botelho, que se situa no centro, Abílio e Lúdio - o segundo e terceiro colocados na pesquisa acima – são os candidatos da polarização nacional entre direita e esquerda, entre Bolsonaro e Lula. Esse é o combustível que lhes dará impulsão e tração com potencial de lançá-los à liderança da disputa.

Por enquanto, Abílio ainda ensaia um movimento no sentido da ponderação, montando grupos de estudos de plano de governo para agregar alguma consistência e credibilidade ao seu perigoso estilo de franco atirador e campeão de likes nas redes sociais.

Lúdio, a partir de agora, vai começar a se movimentar, porém, registre-se que mesmo parado ele sempre se manteve em segundo ou terceiro lugar nas pesquisas.

Botelho vai conseguir manter o favoritismo ou subir seu teto quando começar a apanhar, estando de fora da polarização?

A polarização Lula x Bolsonaro vai influenciar que maneira as eleições locais?

E o prefeito Emanuel Pinheiro, que mesmo atolado em escândalos e em via de ser cassado mantém 30% de aprovação, que papel exercerá nessa disputa?

Stopa vai aproveitar a janela partidária para viabilizar sua candidatura por outra legenda de fora da Federação? Isso beneficia quem: Lúdio, Abilio ou Botelho?

Como se vê, ainda temos muitas variáveis até chegarmos à véspera da morte do peru. E quem será o peru, já que desses três nomes principais e bem equilibrados, só dois sobreviverão para disputar o segundo turno!?

(*) KLEBER LIMA é jornalista, pesquisador e consultor de marketing político e eleitoral. E-mail: [email protected]Instagram: @kleberlima2018

 


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