14 de Maio de 2025

OPINIÃO Quinta-feira, 01 de Maio de 2025, 15:03 - A | A

CUIABÁ, NA CONTRAMÃO DA HISTÓRIA

MARIA MAZARELO FIGUEIREDO ARRUDA

MARIA MAZARELO FIGUEIREDO ARRUDA

art maria mazarello

 MARIA MAZARELO FIGUEIREDO ARRUDA

Há poucos dias celebramos 306 anos de nossa querida cidade natal, Cuiabá, sem festas, sem celebrações ou foguetórios. Quantas histórias vividas nesse interregno, de resistência, de resiliência, de bravura, de cultura.

Fundada no extremo oeste do Brasil, seus filhos tinham enorme dificuldade para acessar os grandes centros, mormente a então Capital, Rio de Janeiro, o que somente se conseguia através dos caminhos naturais dos leitos hídricos, como o foi para ser descoberta por Pascoal Moreira Cabral e Miguel Sutil, passando-se até mesmo através do rio Paraguai, Rio Paraná e pela Argentina e Uruguai.

Aqui ficou isolada por longos anos, sendo a sentinela avançada das nossas fronteiras. Assim, foi forjada sua cultura, seu linguajar, seus costumes, danças, festas religiosas que a tornaram cidade alegre, hospitaleira e festeira!
Os casarões, os jardins, as praças, onde quantos namoros começaram... Quem da minha época não se lembra da “Chefatura de Polícia” existente em frente à Praça Alencastro, onde íamos buscar Alvará para os “corsos” dos carnavais!

O que lá existe e suas proximidades? O então imponente Palácio Alencastro, hoje já defasado para melhor atendimento à população, a antiga agência do Banco do Brasil. Hoje, loja popular.

E o nosso “Centro Histórico”? O que se pode admirar? A Papelaria Pepe, de saudosa memória, está com as paredes frontais amparadas por esteios de madeira para não ruir completamente. O casarão da “Rua de Cima”, Rua Pedro Celestino, esquina com a Rua Campo Grande, não se encontra diferente, esteada por vigas de madeira, gerando um perigo aos transeuntes e carros que por lá passam.

Além dessas, outras tantas casas encontram-se em estado de abandono completo.
Há poucos dias, para grande surpresa e tristeza, deparei-me com o prédio da Santa Casa de Misericórdia, da mesma forma tendo suas paredes sustentadas com vigas para não cair. Um prédio que remonta os anos de 1816, quando foram marcados com bandeirolas os quatro ângulos do novo edifício projetado, e que em 03 de fevereiro de 1817 teve sua pedra fundamental lançada, pelo então Governador e Capitão General da Capitania de Mato Grosso – João Carlos Augusto d’Oeynhausen de Gravenburg.

Pelo mundo afora o que se vê é a preservação dos centros antigos, suas ruelas, casarões e elementos urbanos, que se tornam Patrimônio da Humanidade. São centenas, milhares, de sítios assim considerados, o que faz atrair turistas, gerando divisas para o país.

A Itália é um museu a céu aberto com quantas estátuas, monumentos, edificações tombadas, trazendo um formigueiro de pessoas para visitá-la. Roma, com o Coliseu, Fórum Romano, por exemplo, Pompéia e centenas de outros locais. Portugal, que há pouco tempo desabrochou para o turismo, também exibe tantas relíquias de lugares lindamente preservados, entre tantos outros países e cidades ao redor do mundo. Aqui mesmo no Brasil, temos belos exemplos que passaram por processos de preservação, como em Ouro Preto, Pelourinho, dentre outros.

E o Centro antigo de Cuiabá? A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, interditada porque está destinada a cair? A Igreja Boa Morte, ainda aguardando para ser reformada? A Papelaria Pepe que ainda se mantem em pé, apesar da chuvarada de ultimamente? A Casa Orlando no calçadão da “Rua de Baixo”, antigamente orgulho dos cuiabanos por sua arquitetura, com dois andares, em completo abandono?

Algo deve ser feito pelas autoridades competentes para termos o mínimo de resguardo do nosso patrimônio histórico para demonstrar aos que aqui vivem ou por aqui passam que temos cultura, temos história a preservar e beleza de nosso centro urbano.

Será que é possível vislumbrar esperança? Ainda é tempo!

MARIA MAZARELO FIGUEIREDO ARRUDA
CUIABANA DE CHAPA E CRUZ!
Abril, 2025.



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