Desde a sua fundação, a vila de Cuiabá sobreviveu durante 91 anos com pequena, mas crescente população urbana, sem incluir a população rural de seu grande termo ou área de município. Em 1727 a vila de Cuiabá tinha 949 moradores; em 1750/1751, sua população subira para 1867; em 1815 eram 5.370 habitantes, conforme o professor Carlos Rosa. Em 1825, 4.287 já moravam na vila (BRANDÃO, 1991). Este último total pode estar de algum modo reduzido, pois em 1827, a Vila atingia 6.000 habitantes (FLORENCE, 1952).
Entre 1849 e 1879, a população do município de Cuiabá oscilou de acordo com estudos elaborados pela professora Maria Adenir Peraro. A população de Cuiabá nos anos que antecederam à Guerra do Paraguai apresentou-se assim: Em 1849 a população era de 21 947 habitantes; em 1855 - 32 128 pessoas; em 1.862, a população era de 37 538.
Após a Guerra do Paraguaia a População de Cuiabá ficou assim constituída: 1869 - 30 117 habitantes; 1872 - 35 987; 1879 - 37 020; 1890 atingiu 27 093 habitantes. Para Maria Adenir Peraro, a explicação para “a perda de contingentes populacionais foi provocada pela guerra e pela varíola”. Esses dados são estimativos, pois, segundo Castelneau, em 1845, a população urbana ainda não teria ultrapassado 7.000 moradores, uns 600 deles morando no bairro do Porto, em Cuiabá.
Em 1867 chegou a ser estimada em 12.000 pessoas (MACIEL, 1992). Publicação de 1869 apresenta a cifra de 10.000 pessoas (MOUTINHO, 1869). Três anos depois seriam mais que 11.000 (PERARO, 2001). Em 1879, relatório presidencial indicava 16.000 habitantes na cidade de Cuiabá, mais de 43% da população do município.
Porém, observa-se que no ano de 1890 há um decréscimo da população em Cuiabá. A explicação para tal decréscimo para Peraro “pode ser encontrada nas perdas territoriais ocorridas na década de 80, em razão do desmembramento de alguns distritos (freguesias), refletindo-se sobre a composição da população do município de Cuiabá”.
A maioria dos moradores da cidade de Cuiabá, na segunda metade do século XIX, era composta por pessoas não brancas. Análise da população das paróquias do Senhor Bom Jesus e de São Gonçalo de Pedro II, basicamente constitutivas da cidade de Cuiabá, mostrou pelo censo de 1872 um índice de 70,77% de pessoas não brancas e, em 1890, um indicador de 62,20%, segundo Peraro.
Na década de 1970, os processos desencadeados pelo Governo Federal, no sentido de promover a “integração da Amazônia”, elegem Mato Grosso como fronteira do capital e Cuiabá como ponto estratégico e centro de decisões nesse contexto. O intenso fluxo migratório dirigido a Cuiabá-MT, acarretou um aceleramento no crescimento demográfico. A população urbana que era de 88.254 habitantes em 1970, atingiu 198.086 em 1980, 395.662 em 1991 e 542.861 e nos dias atuais é de 623,614 (2021). As consequências desse processo, também, são verificadas em Várzea Grande-MT, município vizinho a Cuiabá que, em 1970 detinha uma população de 18.305 habitantes, em 2007 apresenta 254.736 habitantes e nos dias atuais, 290.383 habitantes (IBGE, 2021). Embora se observa que a cidade de Cuiabá tenha passado por grandes transformações, com o aumento populacional e a expansão da malha urbana, verificou-se que a partir da década de 1990 aconteceu uma retomada da valorização da cultura regional, contribuindo para a valorização da nossa gente e dos nossos valores.
*) NEILA BARRETO é Jornalista. Mestre em História. Membro da AML, atual presidente do IHGMT e escreve para o site "A imprensa de Cuiabá" .
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.aimprensadecuiaba.com.br