05 de Maio de 2024

OPINIÃO Terça-feira, 05 de Março de 2024, 08:59 - A | A

A Estrada de Chapada dos Guimarães e o Portão do Inferno

art rubens mauro

 Rubem Mauro Palma de Moura

Decorria o ano de 2009 e eu era o representante da UFMT no CONSEMA, “Conselho Estadual do Meio Ambiente”.

Nas conversas com amigos, ouvia sempre a reclamação do uso indevido daquela estrada por carretas, bi trens e até treminhões.

Em uma reunião do Conselho, narrei o fato, que sensibilizou a todos e foi proposto a criação de uma comissão para estudar e apresentar ao pleno à solução por nos encontrada. Foram indicados para tarefa; o Biólogo Keve Zobony Silimon, o Engenheiro Civil, representante do CREA MT, André Schuring, o Advogado representante da SEMA MT, Arnaldo Leite Filho e eu. Após quatro reuniões, tínhamos uma proposta pronta para ser apresentada ao pleno, levando em consideração que tinha essa estrada particularidades que precisavam ser obedecidas: É Estrada Parque, apresenta muita sinuosidade, aclives e declives, além do estrangulamento no trecho, conhecido como Portão do Inferno.

Tudo que propusemos, estava e está de acordo com Norma Técnica, estabelecida pelo DENIT. Eram então as seguintes, as recomendações: Veículos com no máximo três eixos e capacidade máxima de carga, de 24T. Apresentada ao pleno, a proposta foi aprovada por unanimidade, apesar de alguns acharem 24T muita carga para essa estrada, porem explicamos que estávamos seguindo norma nacional. Com a aprovação, na sequencia foi editada a norma para uso dessa estrada.

Para nosso espanto, ao contrário do que imaginávamos, as reclamações foram muitas. Os pecuaristas alegando que os caminhões boiadeiros, tinham mais de três eixos. Os comerciantes locais que recebiam materiais, principalmente de construções e esses veículos também tinham mais de três eixos e dos transportadores de água mineral.

Recorreram então à Justiça e foram atendidos em suas alegações. Primeiro erramos nos, ao deixar de estabelecer um tempo para que os veículos que por ela passam, se adaptassem à nova norma, assim como errou o Judiciário ao atender à solicitação, sem estabelecer também, esse prazo.

Precisa também, deixar bem claro, que essa formação rochosa, já esteve muito mais próxima de Cuiabá, e com o passar de milhões e milhões de anos, pela ação das precipitações, desgastaram e se afastam cada dia mais. Isso pode ser constatado com o olhar crítico para o paredão e ver cores mais escuras e outras mais claras, sendo essas ultimas, desgaste mais recentes.

Um fato inusitado, aconteceu quando da inauguração da duplicação do trecho dessa estrada, até o trevo de Manso. Uma reporte indagou o Secretário da SINFRA sobre o porque que a norma não estava sendo obedecida e lhe mostrou a placa onde estava escrito, “ESTRADA PARQUE”, de imediato, este se encaminhou para essa sinalização, arrancou-a e a jogou no acostamento. Aí, os desastres acontecem e não se acham culpados.

Rubem Mauro Palma de Moura é Engenheiro Civil, formado pela UnB, Especialista em Hidráulica e Saneamento pela USP São Carlos e Mestre em “Ambiente e Desenvolvimento Regional” pela UFMT e Professor aposentado da UFMT/DESA.



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