Os alunos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) ocuparam, na manhã desta quarta-feira (29), a sala da reitoria do campus. O ato marca o segundo dia de manifestação contra o corte de auxílios e bolsas, anunciado pelo Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Consepe), que está na casa dos R$ 2 milhões.
O valor cortado, na avaliação dos acadêmicos, deve afetar diretamente quem depende de uma série de benefícios, como como o auxílio-moradia, auxílio-permanência e alimentação para conseguir se manter na universidade.
Em entrevista ao Estadão Mato Grosso, Wesley da Mata, coordenador-geral do DCE UFMT Cuiabá, explicou que as manifestações também estão sendo motivadas pelo fato de que, embora a universidade tenha dito que irá restituir os R$ 2 milhões cortados, o valor não apareceu na prestação de contas do orçamento da universidade.
Para ele, essa ausência representa um risco, uma vez que não há garantias de que a promessa será cumprida.
Ainda hoje, uma reunião do Conselho do Universitário da UFMT (Consuni) trará em pauta o corte, que precisa ser aprovado na votação do conselho para ser instituído. Além disso, também estará em pauta na reunião uma comissão já aprovada para alterar a política de alimentação dos estudantes.
“Isso pra gente é o quê? Alterar a política de alimentação estará aumentando o valor do restaurante universitário da UFMT” explicou.
O Estadão Mato Grosso também acompanhou o primeiro dia das manifestações, realizado na última terça-feira (28) e que trancou a guarita 1 da UFMT. Os estudantes, portando faixas e vociferando frases de protesto, exigiram a manutenção dos direitos já conquistados.
A discente e coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes, Fernanda Zimmer, explicou que os cortes podem ter consequências catastróficas aos estudantes, que recebem apenas R$ 400 de bolsa por mês.
“Tivemos muitas argumentações no sentido de que tem que mexer com a política de alimentação do Restaurante Universitário (RU) e elevar o preço do RU e o Ru hoje é a maior política de preço estudantil da UFMT. Tem estudantes, assim como eu, que toma café, almoça e janta aqui e que, se não tiver isso, a gente não come em casa, porque uma bolsa de R$ 400 não paga um aluguel. Então, a gente precisa do RU a todo vapor, mas a gestão quer colocar o estudante pra escolher entre RU e auxílio, só que isso não tem que ser uma escolha, isso tem que ser intocável”, afirmou.
O Estadão Mato Grosso também conversou com o coordenador-geral do DCE, Leonardo Rondon, que classificou a situação como inaceitável.
“O sentimento é de revolta, porque veja, se tem setor da universidade que acha que é tranquilo cortar R$ 2 milhões da assistência estudantil, a gente não sabe o que eles acham tranquilo fazer lá na frente. Então não dá para aceitar um corte de R$ 2 milhões, que é para estimular a permanência de estudantes que estão em vulnerabilidade socioeconômica”, pontuou.
Outro lado
A UFMT informou que os alunos estão sendo recebidos para tratar de pautas relacionadas à assistência estudantil. “Começamos a encaminhar a discussão do Orçamento com o Consepe e o Consuni. O Orçamento vem sendo reduzido desde 2014. Nós temos emendas que são direcionadas para um projeto ou uma ação. Nesse contexto, nós temos um Orçamento reduzido e que hoje é menos da metade de 2013”, informou o reitor da universidade professor Evandro Soares da Silva.
A vice-reitora da UFMT professora Rosaline Rocha Lunardi, informou que não há cortes na assistência estudantil com recursos alocados na assistência alimentar. “Os estudantes colocaram todas as suas demandas em relação à bolsas de assistência estudantil e Restaurante Universitário, além daquilo que eles entendem como um corte de bolsas. Eu assegurei que não houve corte de bolsas da assistência estudantil”, relatou.