O Entrevista HNT desta semana recebe a atriz, poeta, diretora e multiartista Luciene Carvalho, a primeira mulher preta a ocupar uma cadeira na Academia Mato-grossense de Letras. Em suas falas, Luciene traz reflexões a respeito de cultura, poesia, arte, pobreza e relatos da vida pessoal ao passar por clínicas psiquiátricas. Relembra o que viveu em algumas internações e expõe que a única coisa que traficou na vida foi a poesia.
Ao descrever a si mesma, a multiartista conta que Luciene Carvalho é uma ‘persona’ dela.
“Luciene Carvalho é um 'Dom Quixote', que sai levando a mensagem, a poesia. Que trabalha por mim e faz a extensão que eu, pessoa física, não sou capaz de fazer", compara, dizendo que a 'persona' foi lapidada e construída para poder veicular o que as pessoas diziam que era impossível, como viver de poesia em Mato Grosso.
Na entrevista, a poeta relembra o que sofreu no sistema público manicomial em Mato Grosso, como um atentado de morte. Em uma de suas internações, Luciene conta que guardava poemas que, depois, foram publicados.
“Me deram uma pasta e eu escrevia lá dentro. Eu guardei, eu trafiquei poemas. A única coisa que eu trafiquei nessa vida foi poesia”, disse ela.
A dona da cadeira 31 da Academia Mato-grossense de Letras explica que para levar os poemas embora, precisou sair com eles escondidos.
Ela relembra também sobre as más condições da comida oferecida, fazendo denúncias ao sistema manicomial de Mato Grosso. Luciene aunda conta sobre as atrocidades que já viu em clínicas psiquiátricas, como estupros de menores de idade e maus-tratos de enfermeiros com pacientes.
Ao relatar um pouco sobre os tratamentos para dependência química que fez, a multiartista diz que o que chegou primeiro em sua vida foi o amor.
“[...] o amor é droga. Paixão é droga. Porque altera o sistema nervoso central”, comenta Luciene, ao se considerar uma especialista em amar e contar que se casou 11 vezes. Mas ela também pondera que o amor não faz mal.
Durante a conversa, Luciene também revive os tempos de militância dentro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ela compôs a mesma gestão do Diretório Central Estudantil (DCE) em que o agora governador, Mauro Mendes, era presidente. "Eu fui a primeira secretária-geral mulher do DCE da Federal ”, conta ela, que fez parte de duas gestões do DCE.
Confira abaixo a entrevista completa.
