O senador Wellington Fagundes (PL) avalia que a carta dos sete ex-ministros da Agricultura contra a Medida Provisória editada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é um sinal de que os grandes empresários que apoiaram a candidatura petista no pleito de 2022 se arrependeram. Entre os signatários do documento está o ex-governador Blairo Maggi, acionista do grupo Amaggi.
A Medida Provisória 1227/2024, que também tem sido chamada de "MP do Fim do Mundo", foi promulgada sob o argumento de que o governo federal não teria como arcar com a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e dos municípios brasileiros. Espera-se que sejam arrecadados R$ 29,3 bilhões, sendo que R$ 10 bilhões virão apenas do agronegócio.
“Esses que resolveram apoiar o Lula, os grandes empresários, estão todos arrependidos. O presidente da Rumo, Rubens Ometto, o presidente do Grupo Amaggi, e vários outros grandes empresários. Porque, infelizmente, para o Brasil está sendo muito ruim o governo do atual presidente, Lula. Um governo que está muito preocupado em arrecadar, arrecadar, arrecadar e a gastança continua”, disse Wellington Fagundes em conversa com a imprensa na segunda-feira (10).
Wellington comparou a administração de Lula com a de seu correligionário, Jair Bolsonaro (PL), que governou o país entre 2019 e 2022, destacando que enquanto o atual presidente tem 43 ministérios, na gestão anterior haviam 21. Além disso, argumentou que durante o governo de Bolsonaro foi possível arcar com a desoneração da folha e ainda fazer repasses emergenciais aos estados e municípios em razão da pandemia de covid-19.
“Nós vivemos uma pandemia, que foi o país inteiro, o mundo todo envolvido. Conseguiu-se recurso para fazer a desoneração da folha, conseguiu o recurso para transferir para estados e municípios como nunca aconteceu na história, conseguiu recursos para fazer o Pronac, para trazer recursos para o pequeno investidor, para a geração de emprego. E o governo agora está dizendo que não tem recurso”, pontuou.
O parlamentar criticou o governo por não ter ouvido os setores afetados e o Congresso Nacional antes de editar a Medida Provisória e destacou que há uma movimentação muito forte entre senadores e deputados federais para derrubar a MP. Conforme a lei, uma Medida Provisória tem validade por 120 e, se não for aprovada pelo Legislativo Federal, perde seus efeitos.
“Nós vamos ter uma reunião de todas as lideranças, todas os presidentes das frentes, lá na FPA, vamos ter essa reunião com todos. Nunca aconteceu isso, todas as frentes parlamentares estão unidas contra isso, que é um desequilíbrio. O empresário não sabe o que fazer no dia de amanhã”, afirmou.
Wellington também questionou a posição do Supremo Tribunal Federal (STF) na discussão da desoneração da folha de pagamento. O entendimento do Judiciário é que é preciso encontrar uma nova fonte de compensação. Contudo, na visão de Fagundes, é preciso cortar na carne.
“Acabar com a gastança, enxugar essa máquina monstruosa que o governo do PT montou agora”, reclamou.
“Essa MP coloca o país, o setor produtivo, o setor empresarial todo sem saber o que fazer. Tanto é que nunca houve uma manifestação tão grande do setor empresarial, todas as federações, confederações, todo o setor financeiro, todos os empresários”, concluiu.