Durante entrevista ao programa Roda Viva nesta segunda-feira (29), o governador Mauro Mendes (União) afirmou que o líder indígena Raoni Metuktire foi cooptado pelo presidente francês Emmanuel Macron para falar mal da construção da Ferrogrão em Mato Grosso.
Para Mauro, a objetivo de Macron é desestabilizar o agronegócio brasileiro para atrapalhar a competitividade do país na Europa.
Na ocasião, o governador comentava o imbróglio da construção da Ferrogrão, ferrovia que liga o município de Sinop ao porto de Miritituba no Pará. Com mais de 900 km de extensão, a ferrovia busca auxiliar no escoamento dos grãos, porém, a construção está inviabilizada por meio de uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que atendeu um pedido do Psol que argumenta que o projeto invade uma grande área do Parque Nacional do Jamanxim, que é uma área de proteção ambiental.
Além de afirmar que é mentira que a ferrovia invade terras indígenas, Mauro acusou a França e os Estados Unidos de terem um complô para atrapalhar a construção da ferrovia. Na visão de Mauro, com a ferrovia pronta, o agronegócio brasileiro poderia exportar uma maior quantidade de comodities para a Europa, o que atrapalharia os planos dos grandes produtores internacionais de alimentos.
“O que está em jogo é que os Estados Unidos são competidores na venda de alimentos para a Europa, principalmente para a França e esses caras financiam pessoas para falar mal da Ferrogrão. Vimos o Macron saindo de uma reunião com uma liderança indígena que está a mais de 300 km [da Ferrogrão]. Sai o cacique falando mal da Ferrogrão. Ficou na cara que ele [Macron] veio com essa encomenda, de capturar uma liderança indígena pra dizer que a Ferrogrão vai ser ruim. Eu falo do Cacique Raoni”, disse o governador.
Macron cumpriu uma extensa agenda no Brasil em março deste ano. além de se reunir com o presidente Lula (PT), o presidente da França se reuniu com lideranças indígenas e sociais para tratar sobre a questão ambiental.
Mesmo magoado com Raoni, Mauro disse na entrevista que já conversou com o líder indígena que pediu uma reunião com o chefe do Executivo Estadual como uma forma de pedir desculpas e ainda para reforça um pedido para asfaltar uma parte da reserva do Xingu. Todavia, o governador disse que asfalta, mas com a condição de Raoni o ajude a conseguir a licença para construir a Ferrogrão.
“Por que o Raoni estaria contra a Ferrogrão se ela passa a 70 km da reserva dele? Já perguntei e ele e ele mandou um recado pra mim dizendo que vai se explicar, dizendo que é a favor da Ferrogrão. Ele toda hora diz: ‘governador, asfalta dentro da reserva’. Eu disse: ‘asfalto, mas você tem que conseguir com a Funai pra me dar a licença’. A Ferrogrão é um importante instrumento para melhorar a competitividade do agro brasileiro e os franceses têm dificuldade para manter sua estrutura a base de subsídio. É isso que está em jogo. Se aumenta eficiência de um agro que é competitivo, vai ser difícil para os americanos e os franceses e outros países da Europa de competir no Brasil. Eles criam o tempo todo mecanismos para barrar o aumento da nossa competitividade”.