Uma das principais redes varejistas do País, a Americanas vive uma crise que pode se tornar um dos maiores escândalos financeiros das últimas décadas. Com suspeita de fraudes nos balanços e uma dívida de cerca de R$ 44 bilhões, a empresa, que pediu recuperação judicial nesta semana, viu suas ações despencarem mais de 90%.
Os prejuízos lançaram dúvidas sobre o futuro da empresa e suas centenas de lojas espalhadas pelo País, além de insegurança sobre a manutenção dos empregos de seus 44 mil funcionários.
Nesta semana, a reportagem do MidiaNews visitou três lojas da rede em Cuiabá - na Treze de Junho, Joaquim Murtinho e Goiabeiras Shopping. Entre os funcionários, o clima parece ser de tranquilidade em relação ao futuro da empresa. Até o dia que a reportagem visitou as lojas, todos alegaram que não receberam nenhum comunicado ou orientação dos superiores. Eles também não temem pelos seus empregos, por enquanto.
Nas unidades, foi possível observar, no entanto, prateleiras mais vazias que o habitual.
Questionados sobre promoções ou falta de estoques, os funcionários alegam que as promoções são as mesmas de sempre, nenhuma em especial ou de queima de estoque. Quanto a prateleiras vazias, garantiram ser algo normal e que alguns produtos estão em falta por causa das altas vendas do fim de ano. Todos negam qualquer relação com a situação financeira da rede.
"Na rotina aqui ao menos não refletiu em nada ainda e tá tudo normal. Não acredito que vá chegar a afetar em algo”
“Na rotina aqui ao menos não refletiu em nada ainda. E está tudo normal. Não acredito que vá chegar a afetar em algo”, disse uma funcionária da unidade do Shopping Goiabeiras que não terá seu nome revelado.
Na última quinta-feira (20), funcionários em diversas regiões do país receberam um comunicado com informações referentes à situação financeira da empresa.
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Cuiabá (SECC), que representa a categoria, diz que até o momento não foi procurado por nenhum funcionário com reclamações ou tem qualquer posicionamento da empresa sobre possível enxugamento do quadro.
O sindicato informou ainda que a relação com a empresa segue normal e que não pode tomar qualquer medida antes de ser acionado.
O MidiaNews conversou também com clientes nas trê lojas visitadas, que tinham movimento normal.
A principal reclamação dos clientes é quanto à falta de alguns produtos e informações. Praticamente todos os clientes ouvidos reclamaram quanto ao estoque.
Na loja da Rua 13 de Junho, foi possível ver uma prateleira inteira vazia (foto).
Ao lado dessa prateleira, uma cliente reclamava que um produto estava sem preço e que ao, tentar verificar o valor em um dos leitores, o produto não estava nem cadastrado no sistema.
Uma idosa que estava nessa mesma unidade reclamou da falta de itens para cozinha, como louças e copos. Disse não ter encontrado nessa unidade nem em outra que fica na Rua Joaquim Murtinho, onde já havia comprado os mesmos itens antes.
Outro consumidor reclamou que a seção de doces estava quase toda sem preço, além de notar a ausência das tradicionais promoções de levar três produtos por um valor X. Um jovem disse também não ter visto essas promoções nessa unidade, mas há alguns dias ainda conseguiu comprar em outra loja localizada em shopping.
A loja no Shopping Goiabeiras estava com uma megapromoção de produtos que chegavam a até 80% de desconto, anunciada em bandeirolas espalhadas por toda a unidade. Segundo os funcionários, trata-se de uma promoção de rotina.
Muitos clientes desconheciam a notícia das dificuldades econômicas e a dívida bilionária.
A rede foi citada pelos consumidores como sendo prática para encontrar uma variedade de itens e a preço competitivo.
“Eu não tinha visto essa notícia da situação da empresa. Sempre compro aqui e senti falta de estoque de alguns itens, não sei se já tenha a ver com isso. Mas quem viu a notícia e vier procurando alguma liquidação ou algo do tipo não vai achar” disse um cliente da Rua 13 de Junho e também não terá seu nome revelado.