O ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, apontou a fiscalização rígida nas áreas produtivas como um dos fatores que "estraga" o relacionamento entre os empresários do agro com o presidente Lula (PT) durante entrevista à CNN Brasil, nesta terça-feira (26).
Blairo observou que o petista mina suas tentativas de penetrar no segmento ao defender pautas que seguem na contramão do grupo, como o incentivo à reforma agrária e o cerceamento ao acesso de armas.
O "rei da soja" também afirmou que nunca enfrentou problemas com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), classificado por ele como um dos "braços políticos" do PT.
"Há um tensionamento dessa relação, embora as duas partes estão tentando criar um diálogo. O pessoal se recente bastante das condições da fiscalização do campo, que é dura. Ela é, às vezes, maldosa. Essas questões do meio ambiente, há uma pressão muito forte e estraga um pouco essa relação. Para a agricultura é muito cara a propriedade, é um sentimento muito forte, e a gente sabe que o partido do presidente defende outra coisa, defende a reforma agrária, ele defende a própria invasão. É claro que todo mundo fala isso muito abertamente, e isso machuca muito o agricultor", observou Blairo Maggi.
Lula também fica em desvantagem quanto à política de armamentos, na opinião do ex-ministro. O presidente sancionou nova legislação que restringe o número de armas e munições. A matéria desagradou e muito os agricultores. Blairo destacou que não é contra a lei, mas não vê com bons olhos o fator de os proprietários não conseguirem utilizar os recursos para garantir a segurança das terras.
"Outra coisa que machuca muito o agricultur e o opõe à política é a questão do armamento. Eu sou contra o armamento, mas não a possibilidade de você viver numa fazenda, estar distante das áreas de segurança e não ter a possibilidade de ter uma arma, alguma coisa para se defender. Você está olhando um bandido chegar na sua propriedade e não ter nada para se defender. Esses valores é que fazem uma diferença hoje na política com o presidente Lula, porque ele defende uma coisa e os agricultores defendem outra", disparou Maggi.
O ex-ministro poupou críticas ao presidente quanto à liberação de recursos ao setor e reconheceu a generosidade de Lula ao assinar o novo Plano Safra, garantindo um acesso mais amplo ao crédito. "Na questão maior de produção, de reconhecimento, recursos nos planos safras, isso tem caminhado, não vejo grandes problemas nisso não", avaliou Blairo.
Agora, quanto à cobertura ao MST, Maggi foi direto classificando o grupo como agente político do Partido dos Trabalhadores. "A grande parte do MST é um movimento político, é um braço político do PT, que se movimenta conforme o partido necessita fazer política. Nunca tive problemas com eles. Dialogo, sempre conversei e estou aberto para conversar", disse o empresário.
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