O sonho de extensão da malha ferroviária em Mato Grosso parece ter se tornado mais próximo nessa terça-feira (14), com a concessão da licença de instalação à empresa Rumo Logística, que já pode começar as obras imediatamente. A autorização é para o primeiro trecho, de 8,6 quilômetros, que inclui a construção de uma ponte de 2,5 km sobre o Rio Vermelho.
Atualmente, os trilhos chegam somente até Rondonópolis. Esse novo trecho sairá do município e, após alguns quilômetros, será dividido em dois braços: um que vai em direção ao Nortão, passando por Primavera do Leste, e outro que liga a Cuiabá.
A empresa já tem os recursos necessários alocados e só aguardava autorização para iniciar as obras. A previsão da Rumo é de que os trilhos cheguem a Cuiabá em até 5 anos, podendo levar até 8 anos para chegar a Lucas do Rio Verde.
Francisco Vuolo, presidente do Fórum Pró-Ferrovia e secretário de Desenvolvimento Econômico, reforça que a chegada dos trilhos vai promover um grande desenvolvimento na Baixada Cuiabana, pois além de contribuir para a exportação de commodities, os trens também vão trazer mercadorias com fretes mais baratos, o que influencia o preço final.
Além disso, a obra também deve atrair dezenas de indústrias para Cuiabá, alavancando o desenvolvimento econômico da capital.
“A partir de agora, a gente começa materializar o sonho de transformar toda essa região, que tem um grande potencial econômico, em função da chegada desse novo modal, porque com a ferrovia, com o frete mais barato [...], a sociedade cuiabana, o povo de Mato Grosso, começa ganhar cada vez mais”, afirma Vuolo, em entrevista ao Estadão Mato Grosso.
O sonho da ferrovia é antigo em Mato Grosso e teve como um dos principais defensores o senador Vicente Emílio Vuolo, pai de Francisco, que faleceu em 2001. Para acelerar a concretização desse sonho, o governo do Estado criou uma lei, até então inédita no Brasil, para permitir que o Estado fizesse a concessão via autorização, o que passa todos os riscos e custos à iniciativa privada.
Francisco Vuolo explica que a Rumo Logística trabalhará junto a sua subsidiária, a Brado, que é especializada no transporte em contêineres, o que vai permitir a industrialização de produtos do agronegócio em Cuiabá e a exportação para outros estados e outros países. De olho nessa oportunidade, o programa Imex Cuabá está preparando empresas para essa atuação.
Vuolo também acrescenta que o município tem articulado junto à Rumo para trabalhar com mão de obra e empresas locais, estimulando ainda mais na movimentação da economia e a geração de empregos na capital.
“Estamos trabalhando em parceria com a Federação da Indústria, com as entidades ligadas ao Fórum Pró-Ferrovia, para poder potencializar e, inclusive, formando mão de obra, caso haja necessidade, e com certeza vai haver”, conclui.
O economista Vivaldo Lopes destacou à reportagem que a chegada dos trilhos vai acelerar um importante processo de desenvolvimento do Estado, que é a agroindustrialização, considerada por Vivaldo a quarta revolução do estado. Esse processo deve atrair diversas empresas que vão processar os grãos e, por consequência, gerar empregos e ampliar a arrecadação do Estado.
“É uma notícia excepcional para o desenvolvimento econômico de Mato Grosso”, comemora Vivaldo. “Agora, depende apenas da dinâmica operacional da empresa, que tem expertise e tem capacidade financeira e econômica para a construção. Portanto, agora é acompanhar a construção da ferrovia”, afirma.
OUTROS PROJETOS
Além da Ferrovia Estadual Senador Vicente Vuolo, estão em andamento na região do Araguaia as obras da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), conduzidas pela Valec, um “braço” de infraestrutura da mineradora Vale. A ferrovia vai ligar o município de Mara Rosa, em Goiás, a Água Boa, em Mato Grosso - importantes regiões produtoras dos dois estados.