A energia é algo essencial para os seres humanos, que são cada vez mais dependentes desse serviço, o que implica na busca por uma produção de energia mais sustentável e econômica. Nesse tema, Mato Grosso tem posição de destaque, sendo o terceiro maior produtor de etanol do Brasil e com potencial de substituir até 85% do óleo diesel por biometano.
Os potenciais de geração de várias fontes de energia serão temas do “XI Seminário de Energia - Oportunidades no Setor Elétrico”, que será realizado entre 8 e 10 de maio, em Cuiabá, pelo Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás de Mato Grosso (Sindenergia). O evento será realizado na Fiemt.
Dentre os palestrantes, estão o ex-ministro e ex-governador Blairo Maggi, que vai participar do primeiro dia do evento, debatendo a “expansão da transmissão com foco na integração com renováveis e evolução das tarifas TUST e TUSD”. Também vão participar o secretário de Estado de Desenvolvimento, César Miranda, dentre outros especialistas.
O primeiro dia do evento será dedicado à energia fotovoltaica, assim como os assuntos que giram em torno desse tema, como o mercado livre de energia, regulação da geração distribuída, modelos de negócios, além de armazenamento dessa energia por meio de vários tipos de baterias.
O evento também terá participação do presidente do Sindenergia, Tiago Vianna de Arruda, que é dono da empresa Enersim Energia, que atua no ‘mercado livre’, oferecendo energia para os clientes sem a necessidade de instalação de placas solares nos telhados e com descontos de até 20%, a depender da quantidade de energia demandada.
De acordo com Tiago, Mato Grosso é o 5º estado do país em geração fotovoltaica distribuída. Além disso, esse tipo de energia sustentável trouxe mais de R$ 4,7 bilhões em investimentos para o estado, gerando mais de 27 mil novos empregos. Cerca de 76% do uso de energia solar em Mato Grosso é em residências, seguido por 11,5% em comércios e serviços.
“A energia elétrica é uma necessidade para todos e uma alternativa viável é buscar formas de baratear os gastos investindo em fontes sustentáveis. A energia solar fotovoltaica é o futuro do país. Há projeção de que, até 2050, 32% da energia consumida no Brasil será dessa fonte energética”, afirma Vianna.
BIOCOMBUSTÍVEIS
Além da energia elétrica, Mato Grosso se destaca na produção de biocombustíveis, como o etanol produzido a partir do milho e da cana-de-açúcar. Mato Grosso é o terceiro maior produtor de álcool do país, atrás apenas de São Paulo e Goiás, e deve chegar a 5,3 bilhões de litros na safra 2023/2024, 20% a mais que na safra anterior.
Ainda nesse segmento, há outro combustível que deve ser explorado em breve pelo estado: o biometano, um tipo de gás produzido a partir de resíduos sólidos, como o bagaço da cana-de-açúcar, após a produção de etanol e seus derivados, além de eucalipto, bambu, resíduos alimentares, agrícolas e esterco animal.
A produção desse tipo de combustível, especificamente, será o tema do terceiro dia do evento, com a participação de vários especialistas no tema, que vão apontar as oportunidades do setor. Impressiona o potencial do estado nesse setor, que tem capacidade de substituir 85% do consumo do diesel por biometano, um combustível muito similar ao gás natural.
Em Mato Grosso, já há uma indústria investindo cerca de R$ 500 milhões para produção de biometano, que deve entrar em operação em 2024. Essa empresa deve produzir o equivalente ao que Mato Grosso importa de gás natural veicular (GNV) da Bolívia. Porém, é apenas uma amostra do nosso potencial, já que há dezenas de indústrias no estado que poderiam fazer o mesmo.
Esse biocombustível seria utilizado pelas indústrias mato-grossenses, que poderiam reduzir sua dependência do óleo diesel e reduzir seus custos, tornando seus produtos mais competitivos. Para utilizar esse gás é necessário converter os caminhões, processo semelhante ao que ocorre hoje em Cuiabá com os carros de motoristas de aplicativos.
“Precisamos trabalhar a questão de infraestrutura, distribuição disso. Existe um trabalho de integração com gasoduto, tem que trabalhar algumas partes dessa distribuição ao longo da BR-163, por exemplo. Isso está já sendo estudado e teremos alguns desenvolvimentos nesse sentido”, afirma Sílvio Rangel, presidente da Fiemt.